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O ano letivo, em qualquer grau de instrução nacional, está acabado. Ou melhor dizendo, encerrado, tendo em conta a impossibilidade de acabar o que sequer pode ser considerado começado.

Eu, que não sou negacionista, portanto, nem dúvidas carrego comigo a propósito do formato do planeta, da eficiência das vacinas ou do estado pandemia que enfrentamos, e etecetera e tal. Também não me insurjo contra o público, notório, sabido e também asseverado, cientificamente, caótico sistema educacional brasileiro. Nem por teimosia poderia fazê-lo, pois para além das afirmações das autoridades públicas, de todas as épocas e governos e, ainda dos agentes que compõem o próprio dito sistema, testemunho, quando não sucumbo, aos resultados e efeitos cotidianos da claudicante instrução dispensada à nação.

Sem falar nos dados oriundos de comparações de desempenho, em inúmeras searas do conhecimento, diante de países outros, dos mais pujantes até aos mais depauperados que o nosso que, convenhamos, nos vencem na carreira da aptidão intelectual forjada nas escolas e academias, de rebenque erguido.

Fomos, somos e estamos acostumados à habilitação formal, ao diploma emblemado com as armas da república, aos louvores e solenidades dos títulos de qualquer natureza ou grandeza escolar e acadêmica que não se alicerçam na verdadeira sapiência, esta de profundidade e capacidade de alcance inferiores a um pires de leite. Não por acaso, lá de vez em quando se festeja um nome solitário, de cientista ou intelectual que ganha preço diante de reconhecimento oriundo de instituição estrangeira, ou ainda, por compor uma equipe de algum notório internacional. Colocações de instituições de ensino terrenas entre as 50 melhores do continente ou do mundo então, são motivo de manchete jornalística. Exceções heroicas, sazonais e raras que confirmam ser regra a nossa debilidade educacional.

Então vem a pandemia, altera nossas vidas, ceifa nossa normalidade (inclusive aquela ali de cima) e põe o corpo discente brasileiro, por meses, em casa.Uns com internet, computador. Outros mais, muito mais, sem nada disso...

Se ter uma máquina e acesso à rede mundial de computadores representa privilégio educacional, tal, por si só, além de injustiça social, já demonstra que nem mesmo os mais ou menos abastados estão incólumes aos evidentes prejuízos que o puxadinho educacional vigente neste período pandêmico implica. E os que têm as máquinas, mas também infante idade, com pais analfabetos e, portanto, incapacitados do auxílio inescusável já que o mestre, o professor, o propedeuta, está atrás da tela?

Ora, ainda há quem imagine, por exemplo, que a compensação das horas/aula condensadas em futuras cargas horárias improvisadas, com acúmulo de conteúdos, justificará as parcas atividades ofertadas às nossas crianças por intermédio dos programas forjados na correria da emergência, por exemplo? Estes não enriquecem nem ao HD.

Se sim, ouso afirmar aos respeitáveis crédulos no ensino tampão que, quem sabe, talvez, sabe-se lá... Mas certamente no papel, no diploma. No cérebro, remanescerá lacuna intelectual mais grave que aquelas da nossa normalidade.

Legitimar tais procedimentos como possíveis de habilitar a qualquer um para algo, mesmo que progressão em fase básica, após declarar encerrado, e assim atendido o ano letivo, é confessar que nada mais há a prejudicar num ensino e aprendizado que saem do nada para chegar a lugar algum. É, também, confirmar a noção geral (que não sei se justa ou injusta) de que diploma, no Brasil, não representa muita coisa.

A solução?

Não sei, sou brasileiro. E como tal exerço aqui o costume, quase direito, de arrolar problemas sem apresentar sequer uma centelha de solução.

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